Será que métricas sempre empoderam pessoas?

Então, pessoal, bora falar de métricas, evidências e possíveis impactos de ignorar essas informações?

Bora lá!

Parto do pressuposto que muitos que estão a ler esse artigo sabem da importância de ter métricas, evidências e saber interpretá-las para tomada de decisões, então não serei eu a escrever “mais do mesmo” com as minhas palavras, beleza? Beleza!

É muito comum passar algum post em nossa timeline ou citação em aula de produtos ou métricas 2 versões da imagem do HIPPO (Highest Paid Person’s Opinion), criada pelo Tom Fishburne que são:

Sem métricas (vale a opinião do HIPPO)

Com Métricas (métricas empoderam pessoas)

Mas e quando o HIPPO “mete o loco”, ignora as métricas, fatos e evidências e diz: “Belos gráficos, mas façam como eu quero!”?

Comportamento retratado abaixo na imagem original do Tom….

Tom Fishburne

Não sei vocês, mas eu já passei por essa situação algumas vezes e inclusive estamos passando no exato momento que esse artigo foi escrito (Jul.2021) com 2 clientes diferentes que estamos trabalhando. E é aí que a “porca torce o rabo”!!!! 🐷

Em ambos os casos estamos a ajudar as equipas no desenvolvimento, entrega e adoção / utilização da agilidade de alguns produtos e naturalmente estamos metrificando e evidenciando pontos de melhorias (locais e sistêmicos).

De maneira geral, tracionar os pontos de melhoria locais (nível equipas) é bem mais tranquilo porque a equipa vê valor em melhorar, serem mais efetivos (equilíbrio entre eficácia e eficiência) e ter maestria em seus trabalhos.

Agora, tracionar melhorias sistêmicas (nível coordenação, gerencial e diretoria) tem sido dolorido porque a maioria dos HIPPOS  ficam desconfortáveis quando as métricas, evidências e fatos apontam para eles ou para as áreas deles e quando isso aconteceu foi um “barata voa” dos infernos e rapidamente vieram os comportamentos tipo “deixa disso”, “veja bem”, “não é bem assim” e por aí vai.

E aconteceu que um dos Hippos entrou na posição de “batalha” e disse que não vai mudar, que tem que ser do jeito dele e que as informações apresentadas são inverídicas.

Google Images – Hippo em batalha

Abrindo um paralelo, infelizmente esse tipo de barreira tem sido muito comum em empresas que estão no processo de “transformação digital e adoção de agilidade”. 

Inclusive o Agile Coaching Report 2021 apresentou as 4 principais barreiras que empresas e agilistas estão convivendo nessa jornada e a resistência à mudança é uma delas, como podem ver na imagem abaixo:

Agile Coaching Report 2021 – Scrum Alliance & Business Agility Institute

Se tiverem a oportunidade de ler a página 22 do relatório, poderão ver que “os líderes querem mudanças para as equipes deles, mas não para eles” e para “manter o controle, competem por suas prioridades”, em tradução literal. 

Voltando ao Hippo revoltz….

Então eu te pergunto: De que adianta ajudar a equipa a trabalhar melhor, gerar métricas, melhorar a eficiência e qualidade das entregas se ao chegar num determinado nível do Value Streaming (de middle managers pra cima), o trem descarrilha e fica no modo Gabriela (eu nasci assim, vou viver assim, vou morrer assim) de trabalhar? 

Um pequeno desabafo: Estamos em 2021, tem muito conteúdo disponível sobre liderança, estratégia, produtos e agilidade e ainda estamos passando por essa questão básica de “manda quem pode, obedece quem tem juízo?”. Pera lá!

Já passamos da fase do “eu acho” ou “eu sei o que estou te dizendo, faça e tenha fé..”. Qq deus tem haver com isso, o pá?

Após algumas semanas de trabalho, conseguimos evidenciar as questões abaixo, sendo que algumas são mais simples de resolver e outras mais ou menos.

Problemas Evidênciados

  • Problemas de priorização;
  • Indisponibilidade da pessoa de produtos;
  • Baixa qualidade das User Stories;
  • Várias User Stories com bloqueios;
  • Atraso nas entregas;
  • Entregas com baixa qualidade;
  • Bugs em produção;
  • Equipa desmotivada;
  • Turnover aumentando;

Desculpa mas não podemos fazer a “frozen” e deixar no modo “let it go”. Ou seja, aceitar e deixar rolar pra ver o que acontece. Tem pessoas, estratégia, utilizadores e dinheiro envolvido nisso. Afinal de contas estamos falando de um Business, não de um game que se morrer a gente nasce de novo ou recomeça o jogo.

Disney – Frozen

A vida nem sempre é feita de flores, então é a hora de arregaçar mais as mangas e ajudar ainda mais na mudança cultural das pessoas e consequentemente da empresa.

Uma frase que escutei no retreat da firma que eu trabalhava final do ano passado foi: 

“Você é a cultura da empresa. Seja a parte boa ou Ruim”. – K21

Desculpa lá mas nessa história que estou a contar nós (eu e minha equipa) seremos responsáveis pela parte boa da cultura que estamos ajudando a construir em nossos clientes.

Nós entramos pra jogar, ajudar e fazer acontecer. É difícil? É! É fácil? Não! Mas quem disse que seria? 💪🏼

Para concluir, saiba que não entramos em conflito com o Hippo bocudo, pelo contrário. Entendemos e empatizamos com as dores e necessidades dele e estamos contornando juntos a situação. 

É verdade que vai levar um pouco mais de tempo para chegarmos aonde queremos, mas como dizia minha avó, dona Natércia: “paciência é uma virtude, meu filho”.

A mensagem que queria passar é que métricas empoderam pessoas, mas sem empatia, comunicação, relacionamento e paciência pode ser que não resolva nada. Chegar em uma reunião com número e criar uma revolução na firma pode ser pior do que não tê-las e chegar chegando na humildade e desenrolo.

Portanto faça seu dever de casa: Metrifique o que faz sentido, entenda o contexto ao seu redor e das pessoas envolvidas e antes de revolucionar o sistema com seus números mirabolantes, converse com essas pessoas com jeitinho e juntos, de forma colaborativa, encontrem em uma solução “win-win” que seja bom pra todos. #todosGanha. 😉

Então, bora lá domesticar esses Hippos? 🦛👊🏻

Quem me ajuda? 🆘💁🏽‍♂️💁🏻

Referências

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